São Paulo, de seus tempos de vila nos mil e seiscentos até a megalópole atual, desenvolveu uma extraordinária trajetória.
O berço dos bandeirantes, na primeira metade do século XIX, era ainda uma cidade bastante acanhada, cheia de gente religiosa, mulheres discretas sob mantilhas, onde imperava ?vós e vosso? no tratamento corrente quotidiano. Mas, na década de 1870, com o fortalecimento da cultura cafeeira na província, o local passou a sofrer intensas transformações. Tornou-se ponto importante de chegada de estrangeiros que iriam substituir a mão de obra escrava na agricultura, dirigindo-se também ao comércio que diversificava e à indústria que nascia. Também recebeu a atenção dos migrantes. Ganhou poder financeiro e econômico.
A população saltava de aproximadamente 31 mil habitantes na década dos 1870 para um milhão de pessoas ao longo dos anos 1930. E este período, de passagem do Império para a solidificação republicana, é exatamente a época em que o choro, considerado o primeiro gênero urbano nacional, vicejou e floriu.
E São Paulo foi palco para músicos excepcionais. Criativos, inspirados e técnicos. Mestres em seus instrumentos e em sua sonora arte. Boêmios seresteiros e chorões. O choro pôde se aninhar aqui quando outros gêneros passaram a dominar os meios de comunicação em massa, levando-o a um retraimento pelo país afora.
Ele conseguiu na ?terra da garoa?, durante anos, fazer sua resistência e ainda foi levado à televisão em programas semanais, recebendo intérpretes de todo o Brasil. O presente trabalho de pesquisa e memórias é uma homenagem a todos estes personagens e a urbe que lhes deu guarida. Inclui um inédito documento com 41 entrevistados que narram suas experiências pessoais. A Pauliceia e o choro fazem uma longa história de amor e cumplicidade.
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