O que leva um homem de 65 anos a começar a escrever suas memórias? A imperiosa necessidade de nos relatar os acontecimentos de que participou e as pessoas com quem privou ou uma vocação literária só mais tarde realizada? Pouco importa. O que vale é que Pedro Nava teve o privilégio de viver fatos decisivos de nossa história cultural e os viveu vendo, como se desde o início, estivesse predestinado a reatá-los Embora tenha demorado a nos mostrar seu talento, Nava é um escritor singular tem a capacidade de nos fazer cúmplices ativos e solidários da sua aventura existencial, desde a infancia, em Juiz de Fora na Minas, que "é simplesmente a terra de nascimento, vida, paixão e morte do mineiro" até os dias atuais, passando pelo Modernismo, pela geração de 45 e por seus muitos amigos. Em todo esse percurso, a obra de Pedro Nava parece buscar, nas raízes da sociedade e do indivíduo, um antidoto contra a massificação, constituin do um precioso registro político, social e cultural deste século Médico de competência reconhecida quando começou a escrever, Pedro Nava é hoje também um clássico da memorialistica, como se pode perceber neste volume de Literatura Comentada, organizado por Maria Aparecida Santilli, professora da USP, autora de Arte e Representação da Realidade no Romance Português Contemporâneo e do volume sobre Camilo Castelo Branco desta coleção.
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