Em 1757, o escritor inglês Tobias Smollett registrou o caso de um pacto de suicídio entre um encadernador londrino e sua esposa.
Estes, falidos após uma sucessão de negócios desastrados, decidiram matar o filho e pôr fim às próprias vidas. O que mais chamou a atenção de Smollett nessas mortes, no entanto, foi a total ausência de sentido de abandono ou desamparo por parte do casal; o suicídio anunciado da família Smith, ao contrário, foi uma decisão previamente calculada e pensada, e talvez a mais prudente dentre as opções.
Neste livro vibrante, original e agradável, Stuart Walton mostra que, em 1732, quando aconteceu a tragédia dos Smith, esse tipo de decoro era regra geral entre a sociedade européia educada, e que, diante de tais circunstâncias, eventuais explosões de raiva ou tristeza teriam sido consideradas atos baixos de selvageria, algo inaceitável para gente distinta e cultivada. Desafiando a idéia de que as emoções humanas permaneceram constantes ao longo da história, Walton explica como, nos últimos 250 anos, as sociedades mudaram suas regras sobre o que pode ser expresso em público e em privado. Sua tese é de que nossas vidas foram beneficiadas por um aumento de honestidade no trato das emoções; algumas delas, porém, como a raiva, alcançaram um espaço que seria impensável em outras épocas.
Em Uma história das emoções, ele examina a história de cada uma daquelas que considera nossas emoções primordiais - medo, raiva, desgosto, tristeza, ciúme, desdém, vergonha, embaraço, surpresa e felicidade - para mostrar como influenciaram nossa história social e cultural. Ele apresenta, por exemplo, o medo primitivo como propulsor para a fé religiosa, o desejo de felicidade como motor das primeiras reflexões sobre a utopia perfeita. O autor demonstra ainda de forma convincente como todas as emoções nascem dos sentimentos de amor e ódio, sem os quais não haveria história da humanidade.
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